O que a bagunça de fora tinha a ver com a bagunça de dentro
E o que a psicologia tem a ver com isso e como consegui mudar
Amiga, eu sempre fui criada com muita pressão na organização e na limpeza, explico: na casa da minha mãe e da minha família materna que me criou, a organização e a limpeza são coisas PRIMORDIAIS, ela e minhas tias foram empregadas domésticas desde os 12 anos (muito triste) e é aquele ditado que permanece na minha família: podem nos chamar de tudo, menos de porcas imundas kkkkkk e repasso esse mesmo ditado pro meu filho, viu?! E ah, e eu era daquelas que só podiam sair se tivesse limpado a casa, sempre tive responsabilidade na organização desde novinha (motivada muito mais por gênero e classe etc) e eu sinceramente não acho isso ruim, mas entenda onde foi parar isso na minha cabeça…
Na adolescência, como toda boa adolescente, dei uma rebelada dessa organização, mas nunca da limpeza.
Lembro que meu grande prazer no meu primeiro apartamento sozinha lá em 2012 era LIMPAR, ORGANIZAR etc e isso acabou virando um mecanismo pro meu cérebro: quando tudo parecia bagunçado por dentro, lá ia eu arrumar gavetas, armários, caixas e quando não tinha mais nada fisicamente: eu ia para os meios digitais e organizava apps ou pastas. Estava triste? Nunca fiquei prostrada na cama, ia organizar coisas, isso inclusive mascarou depressão por muitos anos.
Hoje, tratando do Transtorno de Ansiedade Generalizada direitinho e entendendo melhor outros transtornos de humor que me habitam, entendi que esse comportamento na verdade era uma válvula de escape. Digamos que não é muito saudável ficar até às 3 da manhã organizando gavetas quando se tem uma apresentação 10 da manhã do outro lado da cidade, certo? Mas eu fazia isso pra “relaxar” e hoje entendendo melhor, pra tentar me auto-regular emocionalmente, tentar ter PELO MENOS uma coisa sob meu controle. Mas como no final tinha "ganhado” algo com isso, e isso é parte de quem eu sou desde pequena, não via problemas, mas era sim um problema.
Agora voltando pra psicologia: a verdade é que nossa mente tem um limite para processar informações ao mesmo tempo. Quando a gente vê um ambiente caótico, ele exige mais do nosso cérebro, gerando aquela sensação de sobrecarga mental. É como se cada objeto fora do lugar fosse um lembrete silencioso de algo inacabado, o que nos deixa ansiosas sem nem perceber e pode redirecionar a atenção pra isso distanciando do que precisamos resolver de fato (euuu).
Estudos mostram que um ambiente desorganizado pode aumentar o estresse e diminuir nossa produtividade, ou seja, não é frescura: a bagunça realmente mexe com a nossa mente! Clica aqui pra ler!
E daí que esse comportamento se tornou disfuncional pois eu não tinha métodos, e eu precisava parar de organizar para me aliviar e começar a organizar para manter a casa saudável, pois o contrário também acontecia, como eu não organizava pela casa e sim pela busca incessante por algum conforto dentro da cabeça, quando eu estava “bem”, a rotina (que era obsessão) de organização ficava de lado e eu me embananava toda, rapidinho perdia o controle e não tinha mais um prato limpo pra jantar, não tinha a roupa que eu queria lavada, o uniforme do Tin limpo pra manhã seguinte, a pia coberta de louça mesmo com uma lava-louças em casa, a areia dos gatos passando da hora de limpar… Me faltava método e equilíbrio.
Eu comecei a tratar o meu transtorno (inclusive de forma medicamentosa) e com ele tudo que ele afetava em volta, daí eu comecei a testar coisas realmente FUNCIONAIS pra me ajudar nessa parte e te garanto que de tudo que fui testando e usando a psicologia pra me ajudar, aqui estão os melhores, que eu inclusive fiz um vídeo no Insta e no TikTok para compartilhar (e rolaram super por lá!)
Mas eu vou deixar aqui explicadinho e acho que pode te ajudar, tá?
1. O método Pomodoro me salvou
O método Pomodoro foi criado nos anos 80 por Francesco Cirillo, vou deixar essa matéria aqui pra você ler e conhecer mais. A ideia é simples: você trabalha por 25 minutos em uma tarefa específica, sem interrupções, e depois faz uma pausa curta.
O motivo disso funcionar? Nosso cérebro adora pequenas metas. Quando completamos algo, nosso corpo libera dopamina, o hormônio do prazer e da motivação. Ou seja, cada Pomodoro finalizado me dá aquela sensação gostosa de progresso que eu tinha e meu cérebro acostumou a receber quando eu completava TODAS as gavetas de madrugada, ou seja, eu aprendi a modular isso em mim sem me prejudicar. Então ele me motiva a continuar e me dá pequenas pausas, esse método na verdade MUDOU A MINHA VIDA em muitos aspectos, eu uso diariamente.
2. A regra do 1 minuto: o truque contra o caos
Se algo leva menos de um minuto para ser feito, eu faço na hora. Eu percebi que inclusive acumulava certas coisas para fazer “tudo de uma vez” e sentir mais prazer ao finalizar, lembra que eu tinha aquele comportamento de me aliviar através disso? Esse método evita aquele acúmulo de pequenas bagunças que, no fim do dia, parecem um monstro impossível de derrotar - e que eu gostava mas não era NADA funcional.
Ou seja, se eu já guardei um copo, talvez eu guarde o prato também. Se já dobrei uma blusa, posso dobrar mais duas, vai virando o seu novo normal fazer essas pequenas ações. Esse aqui em casa é sucesso para educar o Tin e mostrar como acúmulo não é legal e fazer pouquinho várias vezes dá mais tempo pra ele jogar videogame no fim do dia.
3. Preparar a casa antes da faxina é respeitar seu tempo e a profissional
Nem sempre tive alguém pra me ajudar com as tarefas da casa, assim como já tive diariamente ou não conseguiria trabalhar fora morando com uma criança de 4 anos. Quando passei a trabalhar em casa, achei que não precisava e passava O DIA TODO arrumando a casa e no fim do dia me achava uma fracassada que não trabalhou.
Voltei a ter ajuda semanal e também aprender a fazer isso da melhor forma.
Antes, eu esperava a profissonal chegar para só então pensar no que precisava fazer. Agora, no dia anterior, deixo organizado o que é pra priorizar e a profissional pode focar na limpeza de verdade. Isso faz TODA a diferença, inclusive pra ela.
O segredo aqui foi incluir essa preparação na minha agenda - eita como eu uso essa bichinha, fiz um vídeo só sobre ela e como criei a minha pelo ChatGPT, vou deixar aqui abaixo também, tá? USE MUITO, MUITO MESMO SUA AGENDA ATÉ ENCONTRAR SEU RITMO DE ORGANIZAÇÃO!
4. Pequenos hábitos criam grandes mudanças
No fim das contas, o que mudou minha relação com a casa foi perceber que organização não é sobre "fazer tudo de uma vez" pra me sentir vitoriosa em algo quando meu dia foi uma merda, arrumar a casa não pode ser uma grande fonte de prazer no meio do caos, pode sim ser algo que a gente se orgulhe, sinta certo prazer, tá tudo bem, mas no meu caso era máscara mesmo. Hoje entendo que é sobre criar uma rotina sadia que funcione para mim, pra casa, pro Tin, pra uma vida mais funcional e sem usar esses gatilhos da mente, a casa tem que funcionar e pronto, ela não pode ser um reflexo da minha montanha russa emocional que muitas vezes esteve descarrilhada, tem mais gente aqui que depende dela e de mim pra tudo funcionar legal. Eu demorei muito, tá? Vai aos poucos e percebendo sempre qual é a sua relação com a casa, com a arrumação, com a limpeza. O ambiente mostra muito sobre o que está acontecendo internamente.
Eu sei que tudo muda quando você é uma mulher numa casa com mais pessoas, especialmente com homens e esse papo vira imediatamente sobre SOBRECARGA MENTAL e sim possivelmente você é quem faz tudo e demanda tudo, mas como só mora eu e o Tin, que tenho criado pra ser uma pessoa funcional independente do gênero, por mais que eu tenha que equilibrar muitos pratinhos, SÃO MEUS PRATINHOS e me sinto muito menos sobrecarregada quando tinha que dividir, quando tinha que demandar e nem sempre ser feito, etc, doido, né? Pois é.
Amiga, espero que você pense sobre tudo isso, encontre no seu lar o que ele precisa ser: um lugar de refúgio, de calmaria, paz e muito amor e não um ambiente que luta contra você. Depois me fala sobre isso? Me dá sua dica, me conta se isso te tocou em algum lugar, eu vou amar saber da sua relação com a casa, com tudo isso que é um pouco de você também.
Com carinho,
sua amiga Carol
Isso é muito louco né, a minha criação foi a base do trabalho exaustivo. Minha mãe não podia me ver sentada assistindo tv que mandava eu levantar e ir fazer alguma tarefa em casa. Minha mãe nunca descansou, ela vivia limpando a casa e passou isso pra mim, logo eu me vi uma adulta que não consegue descansar sem me sentir culpada. Vivo fazendo faxinas exaustivas em casa e não consigo pedir ajuda também pq minha mãe sempre me ensinou a limpar a casa sozinha e se chamar alguém pra limpar era porque eu fracassei. Nunca senti prazer na limpeza, pelo contrário, sempre foi algo muito cansativo pra mim e vivo repetindo as frases que minha mãe repetia: " tudo eu nessa casa" mas nunca pediu ajuda e sobrecarregava ela mesma e a filha. Espero um dia conseguir me livrar da culpa de descansar.
A limpeza da casa também era punição pra mim, talvez por isso toda vez q estou limpando a casa me sinto muito triste, como se estivesse sendo castigada. A limpeza é mais importante pra mim do que o lazer e se por algum motivo eu não consigo fazer eu me sinto a pessoa mais fracassada do mundo.